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MARTHA SANCHEZ LOWERY
( Bolívia )
Martha Sanchez-Lowery nasceu em La Paz, Bolívia e vive em Alexandria, Virgínia.
Seu poema "The Dark Earth Call" foi definido para dançar pela Jane Franklin Dance Company como parte do programa Dancing the Page . Sua poesia apareceu em Gargoyle, Beltway , Hispanic Culture Review e Poets Against the War , e aparece nas antologias Knocking on the Door of the White House (Al Pie de La Casa Blanca) , Winners : An Anthology e Cabin Fever.
Seu livreto Bocanegra foi publicado pela Mica Press. Foi Produtora Executiva de Poesia Alive at IOTA – CD do 20º Aniversário.
TEXTOS EN ESPAÑOL - TEXTOS EM PORTUGUÊS
AL PIE DE LA CASA BLANCA. Poetas hispanos de Washington, DC. Luis Alberto Ambroggio / Carlos Parada Ayala, eds. Ilustración, diseño de cubiertas y fotografía Gerardo Piña-Rosales. New York, USA: Academia Norteamericana de la Lengua Española, 2010.
355 p. ilus. p&b ISBN 978-0-9821347-8-8
Ex. bibl. Antonio Miranda
MARUJA
Yo tengo otra madre
una madre Índia
su idioma no es mío
el aymara de la pampa fría
ese idioma con el que Maruja jugaba en su corte
mientras paseábamos en el Parque de Los Monos
mezclando el olor de animales
con el perfume medio podrido
de las flores
yo siempre colgada de su espalda
envuelta en un aguayo
yo un pedazo de algodón enmascarada de vicuña
ella con trenza tan negras que brillaban azules
largas de toda su vida
sombrero derby café
y su manto de chola violeta con flores rojas que ella llevaba
parecido al mantón de manila de mi madrina
con sus piernas destapadas y grises de frío
iempre con zapatos de charol
posábamos ante un fotógrafo con sus telones negros
y su gran máquina que parecía acordeón
un toque mágico y
en instantes el retrato era tuyo
en una placa de níquel
alguno de esos domingos que se me prestaba
para ir a casa de Maruja
como una muñeca
y viajábamos hacia arriba de la ciudad
a esa casa oscura
con un foco
y un lecho
una casa hecha de lodo y paja
donde el ají se quemaba lentamente
y podo picaba la nariz
y un día nos separamos no por falta de cariño
sino por la distancia real entre el cielo y la tierra
América de por medio
años después mi madre continúa diciéndome
“no ocultes todo con la Maruja”
y recuerdo de nuevo
esa sensación de tapar los armarios
cerrar todo dentro de un cajón
qué placer
el orden
aparente
exterior
porque en un cuarto vacío y pequeño
sin armarios
no se oculta nada.
SER QUECHUA
En Caracas, Venezuela,
mis Andes hermanos
me abrazan
en esta noche violeta
y solitaria
lejos de ser extraña
respiro el incienso de la flor de plátano ya casi fruto
y oigo los crujidos de carros desmoronados
que toman las curvas de estas montañas
y bajo este mismo abrazo
en el Ateneo
estamos aprendiendo
como manufacturar lluvias
con detalles holográficos
y en este salto
a través del espacio también curvilíneo
hacia el saber
algún docente me pregunta por qué parezco extranjera
¿Usted no conoce a los quechuas? ¿No es cierto?
Y en qué tono de incredulidad lo contesto,
¡Detrás de esta tez láctea,
QUERIDO,
está la voz de un Condor
idioma que nunca sabrás
porque comienza cuando tu madre te alimenta con pájaros
vivos
con su propia carne
con su propia sangre
tus alas extendidas oscureciendo a todo valle con sombra
para poder remontarte más allá de las montañas más
altivas
sola!
TEXTOS EM PORTUGUÊS
Tradução por ANTONIO MIRANDA
MARUJA
Eu tenho outra mãe
mãe India
seu idioma não é o meu
é o aimará do pampa frio
esse idioma com que Maruja jogava em seu território
enquanto passeavamos no Parque de Los Monos
mesclando o olcheiro dos animais
com o perfume meio vencido
das flores
eu sempre grudada em suas costas
envolta em um aguayo 1
eu um pedaço de algodão mascarada de vicunha
ela com uma trança tão negra que brilhava azul
longas de toda a sua vida
chapé derby café
e seu manto de chola violeta com flores rubras que ela usava
parecido com o manto de manilha de minha madrinha
com suas pernas destapadas e cinzentas de frío
sempre com sapatos de charol
pousávamos para um fotógrafo com suas cortinas negras
e sua enorme máquina que parecia um acordeão
um toque mágico e
em instantes o retrato era nosso
numa placa de níquel
em alguns desses domingos que me decidia
para ir à casa de Maruja
como uma boneca
e viajávamos até o alto da cidade
àquela casa escura
com um foco
e um leito
uma casa feita de lama e palha
onde a pimenta queimava lentamente
e poda picava o nariz
e um dia nos separamos não por falta de carinho
mas pela distância real entre o céu e a terra
América no meio
anos depois minha mãe continua dizendo-me
“não ocultes tudo com a Maruja”
e recordo outra vez
a sensação de fechar os armários
fechar tudo dentro de uma caixa
que prazer
a ordem
aparente
exterior
porque em um quarto vazio e pequeno
sem armários
não se oculta nada.
1 A palavra aguayo procede do náhuatl ahuayotl: coosa espinhosa.
SER QUECHUA
Em Caracas,
Venezuela,
meus Andes irmãos
me abraçam
nesta noite violeta
ey solitária
longe de ser estraña
respiro o incenso da flor da banana quase fruto
e ouço os rangidos de carros desmoronados
que avançam nas curvas destas montanhas
e com este mesmo abraço
no Ateneo
estamos aprendendo
como manufaturar chuvas
com detalhes holográficos
e neste salto
através do espaço também curvilíneo
até o saber
um estudante me pregunta por que pareço estrangeira
Você não conhece os quechuas? Entendeu?
E em que tom de incredulidade eu respondo,
Detrás desta pele láctea,
QUERIDO,
está a voz de um Condor
idioma que nunca saberás
porque começa quando a mãe te alimenta com pássaros
vivos
com sua própria carne
com seu próprio sangue
tuas asas estendidas escurecendo todo o vale com sombra
para poder remontar-te más além das montanhas mais
elevadas
sozinha!
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VEJA E LEIA outros poetas da BOLÍVIA em nosso Portal de Poesia:
http://www.antoniomiranda.com.br/Iberoamerica/bolivia/bolivia.html
Página publicada em maio de 2023
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